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12 de nov. de 2018

Resenha Nacional: A baronesa Descalça - Chiara Ciodarot #Clubedosdevassos1

Autora: Ciara Ciodarot
Páginas: 361
Ano2018
Editora: Portal editora
GêneroRomance de época
CompreAmazon/Portal editora
Nota: 5/5❤
Sinopse


Vale do Paraíba, 1872. Saraus, bailes, rapazes, cavalgar e defender a abolição da escravatura, são estes os gostos da bela Amaia. Mas tudo parece perder sentido quando seus pais morrem e deixam nas suas mãos uma fazenda de café e um testamento que a impede de alforriar os escravos. Sem saber como administrar uma fazenda e se afundando em dívidas, ela encontra apenas uma solução: se casar. Todo e qualquer solteiro ou viúvo se torna um pretendente em potencial. Ou quase todo. Eduardo Montenegro não é pretendente para moça de família. Fundador do Clube dos Devassos, o misterioso Montenegro não pretende se casar, mas isso não o impede tentar levar Amaia para cama. Enquanto tenta manter a sua integridade física e emocional, Amaia arruma um pretendente inesperado. Será que ela vai conseguir levar adiante o seu plano de salvar a fazenda e os escravos, ou será que a sua atração por Montenegro será maior? O famoso devasso acabará seduzido pelos encantos da charmosa abolicionista e a pedirá em casamento antes que ela se case com outro? 
O que falar de um livro nacional incrível e que ainda por cima é ambientado no Brasil?

Estou simplesmente apaixonada pela escrita da Chiara Ciodatot. Que livro foi esse minha gente?!
Se você está procurando um livro completamente arrebatador, que vai muito além do romance e que traz um plano de fundo histórico sensacional, se joga de corpo e alma em "A baronesa descalça ".
 É muito perceptível o trabalho de pesquisa que a autora teve para ambientar esse romance.
A construção das personagens é outro ponto que merece muito destaque, elas são muito bem construídas, de uma forma que até chegam a ser reais. Não são 100% mocinhos, muito pelo contrário, a protagonistas Amaia é aquele tipo de pessoa que a gente está amando e ao mesmo tempo reprovando as atitudes.
Acho que foi a primeira vez que li um romance de época em que a mocinha não fosse um modelo de santidade, a Amaia mete os pés pelas mãos em diversos momentos, cometeu algumas ações que eu julguei super reprováveis para o padrão de heroínas, mas ao mesmo tempo é impossível não se apaixonar pela ousadia e pelo jeitinho particular dela. O Montenegro também tem uma personalidade bem marcante, mas diferentes dos outros romances de época, é a mocinha que rouba a cena.
A Amaia gosta de causar! Adorei ela por isso.
  "Não queria que a vissem como uma peça a ser estudada antes de comprada. Ela era uma mulher e não um vaso que enfeitaria a sala de alguém"
A Baronesa descalça tem como cenário o Brasil império, retratando de uma maneira bem verossímil a aristocracia cafeeira, as imponentes fazendas de café, fazendo uma critica a como os poderosos usavam a mão de obra escrava e como os negros eram tratados.
Entretanto, os abolicionistas são o assunto principal dessa obra. Aqui a gente vislumbra alguns dos primeiros passos para a ruína do sistema escravocrata  e monárquico.
Em meio a esse cenário está Amaia, uma jovem muito ousada, que de fato desafia os padrões da época.  De forma irreverente ela se passa por coquete e espevitada, é a sensação nos bailes e alvo das línguas mais afiadas. Mas em seu íntimo sabe que ainda não se casou porque não encontrou o amor verdadeiro.
Do outro lado da história a gente conhece o Montenegro, um verdadeiro abolicionista que chega à região, cheio de planos para derrubar os principais senhores de café, abrir as senzalas e libertar os escravizados.
Mas ao se deparar com a realidade ele percebe que terá que ser bem mais astuto para ganhar a confiança dos senhores da região, antes de dar o bote.
Quando Amaia e Montenegro se conhecem é antipatia à primeira vista, ao menos da parte dela. De cara ela já o julga um escravocrata, pois correm boatos que sua fazenda tem se tornado uma das mais prosperas da região. Mas o que ela não sabe é que o Montenegro não possui um escravo sequer, todos que trabalham em suas terras são livres e recebem por seus trabalhos.
Mas para que Montenegro conseguisse cumprir seus objetivos e abri as portas da maior fazenda de café da região, Guaíba, era necessário esconder seus verdadeiros interesses.
Amaia, apesar de ser filha de escravocrata, tem seus ideais bem fortes, acredita que todos são livres e que os negros não deveriam ser tratados daquela forma. Ela é uma personagem bem forte que vai lutar com unhas e entes por aquilo que acha certo.
"Amaia queria que todos vissem que, apesar das diferenças, eles eram iguais: seres humanos. Fosse numa sala de estar, um gabinete de negócios, numa plantação de café, homens e mulheres, qual cor de pele tivessem, todos deveriam ser respeitados, principalmente nas suas diferenças"
A verdade é que Amaia e a sua irmã nunca tiveram muitas preocupações na vida, mas quando seus pais sofrem um acidente de carruagem, Amaia também vê seu mundo ruir. Como se não bastasse todo o sofrimento pela morte dos pais, logo a situação financeira da família é revelada e eles estão na mais absoluta miséria. Os pais estavam vivendo uma vida de aparências e já não tinham mais nada.
Logo os credores começam bater na sua porta, trazendo notas de dívidas e mais dívidas. Ela se vê perdida sem ter o que fazer ou a quem recorrer, ainda por cima ela e a irmã nunca se deram bem, então tudo na vida de Amaia de repente vira um caos.
"Para uma mulher, só há três caminhos: casamento, convento ou bordel."
A situação se torna tão desesperadora que ela se vê obrigada a tomar medidas drásticas, e muitas de suas atitudes foram reprováveis, mas ao mesmo tempo eu entendi que ela estava em desespero profundo. Era orgulhosa e não se rebaixaria para ser amante de Montenegro, nem venderia os escravos ou a fazenda, por mais que ela quisesse libertar todos os negros da fazenda, ela não podia, uma cláusula no testamento do pai a proibia de fazê-lo.
Montenegro é daqueles que jurou nunca se casar, além do mais tinha seus objetivos na vida e um romance só iria atrapalhar as coisas. Como um dos membros mais ilustres da sociedade secreta abolicionista denominada Clube dos devassos, ele tinha que lutar de corpo e alma pela sua causa.
Posso dizer que sofri demais junto com esses dois, sem saber o que iria acontecer no final, porque o livro foge muito da previsibilidade confortável dos romances de época que estamos acostumadas a ler.
A pesar de ser um romance de época ele não é tão focado no romance em si, ou ao menos não gira somente em torno disso, outras temáticas são mais abordadas, tais como a escravidão, o abolicionismo e a própria força da protagonista. Mas ainda assim, tem a parte do romance fofo que tanto gostamos.
Tem um casal de personagens secundários que merece destaque, o Canto e melo e a Caetana, filha do maior fazendeiro da região. Ambos vão ter um livrinho só deles, estou mega ansiosa para conferir, já foi lançado nesse mês, chama-se “As inconveniências de um casamento”.
Se tiver oportunidade não deixe de ler esse livro, eu recomendo muito. É maravilhoso ter uma história desse nível sobre o Brasil.
Tem uma playlist maravilhosa no Spotfy, vai lá ouvir.
Já leu esse livro? Me conta o que achou. Se não leu ainda aproveita o fim de semana para começá-lo.

O livro físico está em pré-venda pela editora Portal, clique e adquira o seu.

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